Entendermos o que aconteceu no Brasil nas últimas décadas é importante para visualizarmos o futuro. O Resultado dos últimos anos é uma consequência dos rumos tomados na década de 80, principalmente com a constituição de 88 e com os governos de viés social democratas que sucederam se até o ano passado. Antes da constituição cidadã o Brasil tinha uma carga tributária sobre o PIB um pouco acima de 20% e hoje está quase chegando a 40%, isso sem contar os encargos trabalhistas e outras normas que tiram dinheiro do setor produtivo e joga no burocrático estatal ou delegado. Garantiu-se muitos direitos e buscou-se o equilíbrio aumentando tributos. Além dos direitos, tivemos governos sociais democratas e alguns com viés forte para o socialismo, aumentando muito a interferência na economia do Estado, inchou-se a máquina pública, criou-se mais empresas estatais, subsídios financeiros e com isso aumentou os gastos gerais do setor público e diminui-se a eficiência e a competitividade internacional das nossas empresas. Neste período sacrificou-se a indústria de transformação com pesados impostos e outros setores competitivos nacionais, deixando a mercê da concorrência internacional. Desindustrializamos o país, o resultado geral apareceu em 2014 com o início da crise.
O atual governo aposta no empreendedorismo nacional e internacional para fazer a economia crescer, para isso precisa reestabelecer a confiança do país, equilibrando as contas públicas e criando ambientes propícios a atividades produtivas privadas. Um ponto crucial para isso é juros de mercados baixos e a não interferência estatal na economia. Para tornar isso uma realidade, está iniciando um ciclo na economia com base em reformas que reduzam a máquina estatal e os impostos, que são tarefas de longo prazo. Um avanço significativo foi a Reforma da Previdência, que já criou uma expectativa de curto e longo prazo importantes no mercado, já produzindo resultado nas taxas de juros e no aumento das ações. Traduzindo, o Brasil aos poucos está priorizando a eficiência, no entanto com a redução das taxas de juros, os especuladores estão retirando seus dólares do país e a velocidade de entrada do capital produtivo não é a mesma, causando falta da moeda estrangeira e, em consequência, sua valorização. O Brasil precisa ser rápido na continuidade das reformas e nas privatizações para que haja entrada de capital produtivo em moeda estrangeira, impedindo sua valorização perante o real acima do limite. Se houver uma valorização exagerada do dólar pode ocorrer pressão inflacionário e isso é ruim para a atual política econômica.
Acredito que as reformas continuarão, não na velocidade e profundidade ideal, mas suficientes para criar um ciclo positivo na economia. Futuramente demandarão novas reformas. Nos próximos três anos a tendência no país será de eficiência e redução da interferência governamental na economia. É possível que tenhamos um crescimento econômico próximo a 2% no ano que vem e dependendo do avanço das reformas este percentual poderá aumentar em 2021. Dando certo este movimento, o país terá um ciclo longo de crescimento, no caminho inverso do traçado a partir da década de 80.
No Setor do agronegócio, temos que continuar buscando a eficiência e inovação em todos os pontos, mas dar uma atenção especial na logística e comercialização, utilizando estruturas compartilhadas e fazer parcerias com elos eficientes. As margens de lucro continuarão baixas. Mesmo com previsão de melhora na economia, não teremos ainda um acréscimo diferenciado no consumo. Manteremos em 2020 o ritmo de 2019, porém com sinais de uma leve melhora.
O pior já passou. Agora é torcer que este ciclo e pensamento econômico fique estabelecido por um bom tempo com reformas contínuas e com a minimização do Estado, embora a caminhada nos ajustes é grande e os frutos serão colhidos num futuro não muito próximo. Os custos do governo e o inchaço da máquina pública não se resolvem em uma década. Na reforma tributária podemos esperar uma simplificação burocrática, mas dificilmente uma redução de impostos. Em nosso setor poderemos inclusive ter um aumento da carga tributária.
Aumentar o faturamento é um caminho, porém este aumento tem que trazer melhores indicadores de eficiência, como o aumento do faturamento por colaborador, por área ocupada, por tonelada, por Km percorrido na distribuição e diminuição do percentual do custo fixo sobre o faturamento. Se não houver com o aumento do faturamento melhorias nestes indicadores a saída e olhar para um recuo estratégico e escolher um caminho com redução de faturamento, mas não abrindo mão da melhoria dos indicadores citados.
Autor: Valdecir Ferrari – Vice-tesoureiro Assiferto RS
Estou à disposição para troca de informações pelo e-mail beigrupo@beigrupo.com
Valdecir Ferrarihttp://lattes.cnpq.br/
(Sócio Proprietário www.beigrupo.com).